segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Menor crescimento mundial e queda das commodities afetariam Brasil


A situação nos mercados é difícil, mas poderia ser pior, se as autoridades financeiras internacionais não tivessem tomado decisões no fim de semana para conter o pânico.
A Bovespa está caindo muito, porque sente a queda das commodities, mas isso estava previsto. Serão dias de volatilidade; às vezes, por conta de uma boa notícia, haverá recuperação. Mas hoje ainda ocorreu o rebaixamento das agências hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, dos EUA, que quebraram em 2008. O espanto, então, não é pelo rebaixamento, mas porque tinham a nota máxima mesmo depois do escândalo de 2008, quando tiveram de ser capitalizadas pelo governo.
É um período díficil para a economia internacional, porque há vários medos. Talvez o maior seja na Europa, não nos EUA. Apesar de todas as dificuldades, a economia americana é mais dinâmica, capaz de se recuperar. Não é tão complicada quanto o xadrez europeu, que não vê luz no fim do túnel. Os países que passam a ser atingidos agora são diferentes de Grécia, Irlanda e Portugal. Espanha e Itália são fortes, mas têm muitas dívidas vencendo.
Não há consenso entre os economistas. Gustavo Loyola disse, por exemplo, que foi precipitada a decisão da S&P de rebaixar a nota dos EUA. Normalmente, concordo com ele, mas como dizer isso, se o país mostrou impasse político em torno da elevação do teto da dívida? Se o déficit é tão alto, por que deveria ter a nota máxima?
Se outra agência rebaixar, pode ficar mais pesado, porque há vários fundos de investimento que precisam de dois rebaixamentos para vender seus papéis. Países que têm títulos da dívida americana poderiam vender uma parte deles, segundo as regras, mas a decisão de vários deles, como o Brasil, foi não vender para não ser um tiro no pé.
Amanhã tem reunião do Fomc, o Copom americano. Vão decidir se farão uma terceira onda de expansão monetária para fornecer crédito aos bancos para que não tenham dificuldades. Mas a esquerda do partido democrata já reclamou: corta-se no seguro social, mas dá dinheiro para os bancos não quebrarem? A confusão política é grande.
As empresas brasileiras não estão em dificuldade, apesar de a bolsa ter caído 30% este ano. Os problemas são menores do que se pode imaginar quando olhamos para o desempenho da Bovespa.
E como seríamos afetados? O Brasil está bem, mas pode ser afetado pela queda do preço das commodities e pela redução do crescimento mundial. O país tem de acompanhar o dia-a-dia da crise para tomar decisões quando precisar. Não há muito o que fazer nesse momento. Por enquanto, ainda é apenas queda de bolsa. Isso não é pouco, eu sei, mas ela pode se recuperar quando a situação melhorar. Por enquanto, não estamos sendo atingidos de outra forma; não há bancos e empresas em dificuldades.
Com o mundo crescendo menos, a expansão do Brasil também será menor. Nouriel Roubini, o economista que previu a crise, disse que é uma missão impossível evitar a recessão mundial.
Por Míriam Leitão
Fonte: O Globo

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