sábado, 31 de janeiro de 2015

Oportunidades de trabalho em Organismos Internacionais

United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC)
Vaga: "Crime Prevention and Criminal Justice Officer", para trabalhar na Divisão para Assuntos de Tratados
Prazo para inscrição:30/01/2015.

United Nations Mission in Liberia, Monrovia
Vaga: Administrative Officer
Prazo de Inscrição: 30/01/2015

United Nations Mission in Liberia, Monrovia
Vaga: Human Rights Officer
Prazo de Inscrição: 30/01/2015

United Nations Mission in Liberia, Monrovia
Vaga: CHIEF PROCUREMENT OFFICER, P4, 39268
Prazo para inscrição: Até 01/02/2015

AU/UN Hybrid Operation in Darfur, El Fasher
Vaga: INFORMATION ANALYST, POLITICAL AFFAIRS, P3, 39565
Prazo para inscrição: Até 02/02/2015

AU/UN Hybrid Operation in Darfur, El Fasher
Vaga: INFORMATION ANALYST, POLITICAL AFFAIRS, P4, 39564
Prazo para inscrição: Até 03/02/2015

United Nations Mission in the Republic of South Sudan, Juba
Vaga: SENIOR CIVIL AFFAIRS OFFICER, P5, 40010
Prazo para inscrição: Até 03/02/2015

United Nations Mission in the Republic of South Sudan, Juba
Vaga: Procurement Officer, P3, 40029
Prazo para inscrição: Até 04/02/2015

United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in the Central African Republic, Kanga Bandoro
Vaga: Disarmament, Demobilisation & Reintegration (DDR) Officer, P4, 40057
Prazo para inscrição: Até 04/02/2015

United Nations Stabilization Mission in Haiti, Port-au-Prince
Vaga: CHIEF ADMINISTRATIVE SERVICES, P5, 39327
Prazo de inscrição: 04/02/2015

United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in the Central African Republic, Multiple D/S
Vaga: CHILD PROTECTION OFFICER, P3, 39929
Prazo de inscrição: Até 05/02/2015

United Nations Support Office for AMISOM, Nairobi
Vaga: MEDICAL OFFICER, P3, 39662
Prazo de inscrição: Até 05/02/2015

United Nations Conference on Trade and Development, Geneva
Vaga: KNOWLEDGE MANAGEMENT OFFICER, P3, 39656
Prazo de inscrição: Até 05/02/2015

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Programa leva blogueiras de moda para trabalhar em fábricas de roupas no Camboja

Programa encontrou uma maneira de denunciar as péssimas condições de trabalho às quais são submetidos trabalhadores que criam as peças de roupas que nós usamos. Confira o que acontece quando blogueiras de moda conhecem a trágica realidade dos cambojanos da indústria têxtil
O programa norueguês Sweatshop – Dead Cheap Fashion encontrou uma maneira interessante de denunciar as péssimas condições de trabalho às quais são submetidos alguns dos trabalhadores que criam as peças de roupas que nós usamos. Para isso, três blogueiros de moda do país foram convidados a passar um mês trabalhando em uma fábrica têxtil no Camboja, para conhecer a realidade dos trabalhadores locais, vivendo uma vida nas mesmas condições que eles vivem.
blogueira moda camboja trabalhadoras roupa
Anniken Jorgensen, uma das blogueiras de moda enviadas ao Camboja pelo programa SweatShop: Dead Cheap Fashion. Ela se emociona ao se deparar com a realidade das trabalhadoras da indústria têxtil (reprodução)
“Logo que chegamos, os empregados começaram a nos contar sobre o trabalho que eles faziam na fábrica de roupas. Então uma mulher nos disse que costurava suéteres, da mesma forma, há 14 anos. Que tipo de trabalho é esse? Ninguém deveria ficar tanto tempo fazendo a mesma coisa. Quando penso nisso, começo a chorar. Que tipo de vida é essa?” É assim que a blogueira de moda norueguesa Anniken Jørgensen descreve um dos relatos que ouviu durante o confronto com a realidade que viveu no Camboja.
Anniken é uma das protagonistas do reality show online. Os outros participantes são Frida Ottesen e Ludvig Hambro. Dividido em 5 episódios, o programa é produzido pelo site do maior jornal da Noruega, o Aftenposten, que levou os 3 jovens (fashionistas e ricos) para ver de perto o que acontece na capital Phnom Penh.
Lá, durante um mês, eles sentiram na pele como é a rotina dos empregos das chamadas “sweatshops”, fábricas têxteis que oferecem baixos salários e péssimas condições de trabalho.
Cada cena mostra o choque de realidade entre os dois mundos. No primeiro episódio, os blogueiros mostram seu guarda-roupa e se revelam animados e curiosos com a experiência.
Anniken, que costumava gastar cerca de U$ 600 mensais, a partir do 4º episódio do reality show passou a ter apenas o equivalente a U$ 6 para investir em comida. Situações como essa fizeram com que os blogueiros rapidamente mudassem suas visões de mundo, o que é perceptível já nos primeiros episódios.
Na casa de Sokty, uma trabalhadora cambojana de 25 anos, eles descobrem como vivem as pessoas que costuram as roupas que eles tanto gostam de esbanjar. Sokty ganha 130 dólares por mês e gasta 50 dólares com as despesas domésticas, aluguel, luz e água. Trabalha 7 dias por semana, 12 horas por dia. ‘Aos domingos, são 8 horas de trabalho. Trabalhamos sem descanso’, completa.
Veja abaixo o trailer do reality show e assista os episódios online em inglês e espanhol nos links a seguir: (link 1 / link 2)


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Seleção para Mestrado em Relações Internacionais – UFU

O Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais, do Instituto de Economia, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) informa que estarão abertas, no período de 5 a 9 de fevereiro de 2015, as inscrições para o processo seletivo do curso de Mestrado Acadêmico em Relações Internacionais. O Programa é composto por três linhas de pesquisa: Política Externa e Instituições Internacionais, Segurança Internacional e Economia Política Internacional. Serão oferecidas 15 vagas.
Para mais informações acesse o edital aqui.

ONU abre inscrições para Programa de Estudos de Pós-Graduação em Genebra; prazo é dia 27/2

Os candidatos devem ter entre 23 e 35 anos de idade. Como este é um programa bilíngue, os candidatos devem ter um bom conhecimento tanto em inglês quanto em francês.

Programa de Estudos de Pós-Graduação do Serviço de Informação das Nações Unidas (UNIS), em Genebra, está com inscrições abertas, com prazo até o dia 27 de fevereiro de 2015.
Estudantes na ONU em Genebra. Foto: UNIS
Estudantes na ONU em Genebra. Foto: UNIS
O Programa oferece uma oportunidade para que os participantes aprofundem a sua compreensão do Sistema das Nações Unidas, através da observação em primeira mão e de estudos temáticos. O Programa de Estudos de Pós-Graduação é realizado no Escritório das Nações Unidas em Genebra, anualmente, sempre em julho.
Os participantes formam grupos de trabalho para estudar as questões relacionadas aos direitos humanos, o desenvolvimento e o meio ambiente sob a orientação de especialistas das Nações Unidas. Aos participantes são fornecidos documentos selecionados e publicações sobre o tema em discussão. O programa é realizado em inglês e francês, sem tradução.
Os alunos de pós-graduação convidados a participar do Programa de Estudo são selecionados com base em sua experiência acadêmica e motivação, com o devido respeito à distribuição equitativa em termos geográfico e de gênero. Os candidatos devem ter entre 23 e 35 anos de idade. Como este é um programa bilíngue, os candidatos devem ter um bom conhecimento tanto em inglês quanto em francês.
Estudantes de pós-graduação interessados no Programa de Estudos de Pós-Graduação 2015 devem apresentar a sua candidatura online antes da data limite de 27 de fevereiro de 2015. Não serão aceites candidaturas após esta data.
O formulário de candidatura deve ser preenchido online, acompanhado de uma carta de recomendação (em inglês ou francês apenas) de uma universidade ou autoridade governamental, comprovante de matrícula em um programa de mestrado (ou equivalente) e diplomas universitários obtidos.
Todos os detalhes em www.unog.ch/gsp

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Políticos de Londres só podem usar transporte público

politicos-londres-so-podem-usar-transporte-publicoNada de carro oficial! Na capital da Inglaterra, todos os vereadorese até o prefeito são proibidos de ter automóveis pagos com dinheiro público. Motoristas então? Nem pensar! Bem diferente das cidades brasileiras, não?
Ao tomar posse de seus cargos, os políticos recebem vale-transporte válido para ônibus, trem e metrô e são avisados das regras oficiais da Assembleia de Londres, a ‘Câmara dos Vereadores’ da cidade britânica: “O prefeito e os membros da London Assembly têm o compromisso de usar o transporte público“.
Táxis também não são liberados. Para serem reembolsados quando optam por este tipo de serviço, os políticos precisam provar que não tinham outra opção de deslocamento para ir ao lugar que precisavam.
O prefeito Boris Johnson, no comando do governo de Londres desde 2008, é um dos que menos utiliza o serviço. Em uma bela jogada de marketing, ele aproveitou a norma que o proibia de ter um carro oficial e atrelou sua imagem à causa do cicloativismo.
Johnson é constantemente visto pelas ruas da cidade pedalando de capacete – ao vivo e também nas propagandas do programa de aluguel de bikes que ele mesmo criou para desincentivar o uso do carro para deslocamentos diários.
Ah, se as cidades do Brasil seguissem o exemplo… Íamos economizar muito dinheiro público para investir em outros setores –bem mais importantes, diga-se de passagem!

Brasil perde o direito de votar em Tribunal da ONU por falta de pagamento

O Brasil perdeu seus direitos no Tribunal Penal Internacional (TPI), após acumular mais de US$ 6 milhões em dívidas com a entidade sediada em Haia.
A diplomacia brasileira vive uma saia-­justa, com a segunda maior dívida de um país nas Nações Unidas.
Mas, no caso da Corte, a suspensão é a primeira sofrida pelo Itamaraty, desde que os cortes orçamentários começaram no órgão que comanda a política externa do País.
O Artigo 112(8) do Estatuto de Roma dispõe que o Estado em atraso no pagamento de sua contribuição financeira não poderá votar, se o total de suas contribuições em atraso igualar ou exceder a soma das contribuições correspondentes aos dois anos anteriores completos por ele devidos”, explicou o Ministério das Relações Exteriores, em nota.
“Em razão do dispositivo acima, desde 1.º/1/2015, o Brasil perdeu temporariamente o direito de voto na Assembleia dos Estados Partes do Tribunal Penal Internacional (TPI)”, confirmou.
Hoje, apesar da mudança na chefia do ministério e a nomeação de um novo chanceler para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, nada mudou no que se refere aos atrasos do Brasil com a ONU.
Conforme revelado com exclusividade pelo do Planalto com o orçamento regular da ONU superava em 2014 pela primeira vez a marca de US$ 100 milhões e apenas os EUA mantinham um buraco superior.
Constrangimento após constrangimento, o governo decidiu enviar um cheque e
liberou US$ 36 milhões, uma semana antes do discurso de Dilma na Assembléia Geral da ONU, em Nova Iorque.
A ONU agradeceu, mas avisou: mesmo com o pagamento, o Brasil ainda deve quase meio bilhão de reais à ONU.
Documentos da ONU que indicam que, até 3 de dezembro, o Brasil devia US$ 170 milhões à entidade.
Isso sem contar com outra dívida de US$ 14 milhões (R$ 36,7 milhões) para a Unesco, que deu o título ao Brasil de segundo maior devedor da entidade cultural da ONU, além de outros US$ 87,3 milhões para as operações de paz dos capacetes azuis.
No caso do TPI, o Brasil é um dos membros fundadores da entidade que representou o maior avanço no direito internacional desde o fim da Guerra Fria.
Fonte: Estadão

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Abertas inscrições para curso sobre Patrimônio Imaterial

Até o próximo dia 30 de janeiro, estão abertas as inscrições para o curso EAD Formação para a Gestão do Patrimônio Cultural Imaterial no âmbito da COOP SUL.
A capacitação é uma realização do Centro Lucio Costa, do Centro Regional para a Salvaguarda do Patrimonio Cultural Imaterial (Crespial) e da Unesco, com coordenação técnica da Inspire | Gestão Cultural.
São 50 vagas para o curso que acontecerá entre os dias 19 de fevereiro e 4 de maio, com aulas ministradas pela internet.
O curso tem a coordenação de conteúdo de Lucas dos Santos Roque e o corpo docente é formado por especialistas do Brasil e da América Latina.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pela internet. A seleção dos participantes ocorrerá no dia 10 de fevereiro.
Estruturado em oito disciplinas, o curso tem como objetivo fortalecer as capacidades locais para estruturação e execução de políticas de patrimônio imaterial, por meio da capacitação de gestores culturais para atuarem na salvaguarda do patrimônio cultural imaterial – legislação, identificação, reconhecimento, apoio e fomento à sustentabilidade.
Também permitirá analisar e discutir os principais conceitos relacionados ao patrimônio cultural brasileiro em suas diferentes dimensões e interações com aspectos de identidade, território e meio ambiente.
O curso é voltado para gestores públicos na área do Patrimônio Cultural Imaterial, responsáveis pela gestão de políticas de salvaguarda deste tipo de patrimônio.
Nos primeiros dias do curso, será ministrada a disciplina Ambientação em EAD, que tem como objetivo quebrar uma possível resistência dos alunos em relação à aprendizagem virtual, otimizar a utilização dos recursos da plataforma do curso e explicitar a metodologia adotada.  
Também serão oferecidas as disciplinas:
- Ambientação em espaços virtuais e introdução ao funcionamento do curso;
- A constituição do campo do patrimônio imaterial e seus conceitos estruturantes;
- A Convenção para a salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (Convenção de 2003) e as suas Diretrizes Operativas;
- A Gestão Pública do PCI;
- A participação da comunidade na Gestão do PCI;
- Diferentes possibilidades e metodologias de apoio, fomento, divulgação e promoção do PCI;
- Diferentes possibilidades e metodologias de reconhecimento, identificação, investigação e documentação do PCI;
- Transversalidade e interfaces do Patrimônio Imaterial.

Quem era Marco Archer, o brasileiro executado na Indonésia

Jornalista que entrevistou Marco Archer durante 4 dias na prisão na Indonésia traça o perfil do brasileiro que foi fuzilado no último sábado por sentença judicial

O repórter Renan Antunes de Oliveira entrevistou Marco Archer em 2005, numa prisão na Indonésia. Abaixo, seu relato:
O carioca Marco Archer Cardoso Moreira viveu 17 anos em Ipanema, 25 traficando drogas pelo mundo e 11 em cadeias da Indonésia, até morrer fuzilado, aos 53, neste sábado (17), por sentença da Justiça deste país muçulmano.
Durante quatro dias de entrevista em Tangerang, em 2005, ele se abriu para mim: “Sou traficante, traficante e traficante, só traficante”.
Demonstrou até uma ponta de orgulho: “Nunca tive um emprego diferente na vida”. Contou que tomou “todo tipo de droga que existe”.
Naquela hora estava desafiante, parecia acreditar que conseguiria reverter a sentença de morte.
Marco sabia as regras do país quando foi preso no aeroporto da capital Jakarta, em 2003, com 13,4 quilos de cocaína escondidos dentro dos tubos de sua asa delta. Ele morou na ilha indonésia de Bali por 15 anos, falava bem a língua bahasa e sentiu que a parada seria dura.
Tanto sabia que fugiu do flagrante. Mas acabou recapturado 15 dias depois, quando tentava escapar para o Timor do Leste. Foi processado, condenado, se disse arrependido. Pediu clemência através de Lula, Dilma, Anistia Internacional e até do papa Francisco, sem sucesso. O fuzilamento como punição para crimes é apoiado por quase 70% do povo de lá.
Na mídia brasileira, Marco foi alternadamente apresentado como “um garoto carioca” (apesar dos 42 anos no momento da prisão), ou “instrutor de asa delta”, neste caso um hobby transformado na profissão que ele nunca exerceu.
Para Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, o outro brasileiro condenado por tráfico, que espera fuzilamento para fevereiro, companheiro de cela dele em Tangerang, “Marco teve uma vida que merece ser filmada”.
Rodrigo até ofereceu um roteiro sobre o amigo à cineasta curitibana Laurinha Dalcanale, exaltando: “Ele fez coisas extraordinárias, incríveis.”
O repórter pediu um exemplo: “Viajou pelo mundo todo, teve um monte de mulheres, foi nos lugares mais finos, comeu nos melhores restaurantes, tudo só no glamour, nunca usou uma arma, o cara é demais.”
Para amigos em liberdade que trabalharam para soltá-lo, o que aconteceu teria sido “apenas um erro” do qual ele estaria arrependido.
marco archer
Marco Archer, nos tempos de voo livre

Na versão mais nobre, seria a tentativa desesperada de obter dinheiro para pagar uma conta de hospital pendurada em Cingapura – Marco estaria preocupado em não deixar o nome sujo naquele país. A conta derivou de uma longa temporada no hospital depois de um acidente de asa delta. Ter sobrevivido deu a ele, segundo os amigos, um incrível sentimento de invulnerabilidade.
Ele jamais se livrou das sequelas. Cheio de pinos nas pernas, andava com dificuldade, o que não o impediu de fugir espetacularmente no aeroporto quando os policiais descobriram cocaína em sua asa delta.
Arriscou tudo ali. Um alerta de bomba reforçara a vigilância no aeroporto. Ele chegou a pensar em largar no aeroporto a cocaína que transportava e ir embora, mas decidiu correr o risco.
Com sua ficha corrida, a campanha pela sua liberdade nunca decolou das redes sociais. A mãe dele, dona Carolina, conseguiu o apoio inicial de Fernando Gabeira, na Câmara Federal, com voto contra de Jair Bolsonaro.
O Itamaraty e a presidência se mexeram cada vez que alguma câmera de TV foi ligada, mesmo sabendo da inutilidade do esforço.
Mesmo aparentemente confiante, ele deixava transparecer que tudo seria inútil, porque falava sempre no passado, em tom resignado: “Não posso me queixar da vida que levei”.
Marco me contou que começou no tráfico ainda na adolescência, diretamente com os cartéis colombianos, levando coca de Medellín para o Rio de Janeiro. Adulto, era um dos capos de Bali, onde conquistou fama de um sujeito carismático e bem humorado.
A paradisíaca Bali é um dos principais mercados de cocaína do mundo graças a turistas ocidentais ricos que vão lá em busca de uma vida hedonista: praias deslumbrantes, droga fácil, farta — e cara.
O quilo da coca nos países produtores, como Peru e Bolívia, custa 1 000 dólares. No Brasil, cerca de 5 000. Em Bali, a mesma coca é negociada a preços que variam entre 20 000 e 90 000 dólares, dependendo da oferta. Numa temporada de escassez, por conta da prisão de vários traficantes, o quilo chegou a 300 000 dólares.
Por ser um dos destinos prediletos de surfistas e praticantes de asa delta, e pela possibilidade de lucros fabulosos, Bali atrai traficantes como Marco. Eles se passam por pessoas em busca de grandes ondas, e costumam carregar o contrabando no interior das pranchas de surf e das asas deltas. Archer foi pego assim. Tinha à mão, sempre que desembarcava nos aeroportos, um álbum de fotos que o mostrava voando, o que de fato fazia.
O homem preso por narcotráfico passou a maior parte da entrevista comigo chapado. O consumo de drogas em Tangerang era uma banalidade.
Pirado, Marco fazia planos mirabolantes – como encomendar de um amigo carioca uma nova asa, para quando saísse da cadeia.
Nos momentos de consciência, mostrava que estava focado na grande batalha: “Vou fazer de tudo para sair vivo desta”.
Marco era um traficante tarimbado: “Nunca fiz nada na vida, exceto viver do tráfico.” Gabava-se de não ter servido ao Exército, nem pagar imposto de renda. Nunca teve talão de cheques e ironizava da única vez numa urna: “Minha mãe me pediu para votar no Fernando Collor”.
A cocaína que ele levava na asa tinha sido comprada em Iquitos, no Peru, por 8 mil dólares o quilo, bancada por um traficante norte-americano, com quem dividiria os lucros se a operação tivesse dado certo: a cotação da época da mercadoria em Bali era de 3,5 milhões de dólares.
Marco me contou, às gargalhadas, sua “épica jornada” com a asa cheia de drogas pelos rios da Amazônia, misturado com inocentes turistas americanos. “Nenhum suspeitou”. Enfim chegou a Manaus, de onde embarcou para Jakarta: “Sair do Brasil foi moleza, nossa fiscalização era uma piada”.
Na chegada, com certeza ele viu no aeroporto indonésio um enorme cartaz avisando: “Hukuman berta bagi pembana narkotik’’, a política nacional de punir severamente o narcotráfico.
“Ora, em todo lugar do mundo existem leis para serem quebradas”, me disse, mostrando sua peculiar maneira de ver as coisas: “Se eu fosse respeitar leis nunca teria vivido o que vivi”.
Ele desafiou o repórter: “Você não faria a mesma coisa pelos 3,5 milhões de dólares”?
Para ele, o dinheiro valia o risco: “A venda em Bali iria me deixar bem de vida para sempre” – na ocasião, ele não falou em contas hospitalares penduradas.
Marco parecia exagerar no número de vezes que cruzou fronteiras pelo mundo como mula de drogas: “Fiz mais de mil gols”. Com o dinheiro fácil manteve apartamentos em Bali, Hawai e Holanda, sempre abertos aos amigos: “Nunca me perguntaram de onde vinha o dinheiro pras nossas baladas”.
marco archer
Uma das últimas imagens de Marco Archer. O brasileiro está acompanhado de seu advogado na prisão na Indonésia

Marco guardava na cadeia uma pasta preta com fotos de lindas mulheres, carrões e dos apartamentos luxuosos, que seriam aqueles onde ele supostamente teria vivido no auge da carreira de traficante.
Num de seus giros pelo mundo ele fez um cursinho de chef na Suíça, o que foi de utilidade em Tangerang. Às vezes, cozinhava para o comandante da cadeia, em troca de regalias.
Eu o vi servindo salmão, arroz à piemontesa e leite achocolatado com castanhas para sobremesa. O fornecedor dos alimentos era Dênis, um ex-preso tornado amigão, que trazia os suprimentos fresquinhos do supermercado Hypermart.
Marco queria contar como era esta vida “fantástica” e se preparou para botar um diário na internet. Queria contratar um videomaker para acompanhar seus dias. Negociava exclusividade na cobertura jornalística, queria escrever um livro com sua experiência – o que mais tarde aconteceu, pela pena de um jornalista de São Paulo. Um amigo prepara um documentário em vídeo para eternizá-lo.
Foi um dos personagens de destaque de um bestseller da jornalista australiana Kathryn Bonella sobre a vida glamurosa dos traficantes em Bali — orgias, modelos ávidas por festas e drogas depois de sessões de fotos, mansões cinematográficas.
Diplomatas se mexeram nos bastidores para tentar comprar uma saída honrosa para Marco. Usaram desde a ajuda brasileira às vítimas do tsunami até oferta de incremento no comércio, sem sucesso. Os indonésios fecharam o balcão de negócios.
O assessor internacional de Dilma, Marco Aurélio Garcia, disse que o fuzilamento deixa “uma sombra” nas relações bilaterais, mas na lateral deles o pessoal não tá nem aí.
A mãe dele, dona Carolina, funcionária pública estadual no Rio, se empenhou enquanto deu para livrar o ‘garotão’ da enrascada, até morrer de câncer, em 2010.
As visitas dela em Tangerang eram uma festa para o staff da prisão, pra quem dava dinheiro e presentes, na tentativa de aliviar a barra para o filhão.
Com este empurrão da mamãe Marco reinou em Tangerang, nos primeiros anos – até ser transferido para outras cadeias, à espera da execução.
Eu o vi sendo atendido por presos pobres que lhe serviam de garçons, pedicures, faxineiros. Sua cela tinha TV, vídeo, som, ventilador, bonsais e, melhor ainda, portas abertas para um jardim onde ele mantinha peixes num laguinho. Quando ia lá, dona Carola dormia na cama do filho.
Marco bebia cerveja geladinha fornecida por chefões locais que estavam noutro pavilhão. Namorava uma bonita presa conhecida por Dragão de Komodo. Como ela vinha da ala feminina, os dois usavam a sala do comandante para se encontrar.
A malandragem carioca ajudou enquanto ele teve dinheiro. Ele fazia sua parte esbanjando bom humor. Por todos os relatos de diplomatas, familiares e jornalistas que o viram na cadeia de tempos em tempos, Marco, apelidado Curumim em Ipanema, sempre se mostrou para cima. E mantinha a forma malhando muito.
Para ele, a balada era permanente. Nos últimos anos teve várias mordomias, como celular e até acesso à internet, onde postou algumas cenas.
Um clip dele circulou nos últimos dias – sempre sereno, dizendo-se arrependido, pedindo a segunda chance: “Acho que não mereço ser fuzilado”.
Marco chegou ao último dia de vida com boa aparência, pelo menos conforme as imagens exibidas no Jornal Hoje, da Globo. Mas tinha perdido quase todos os dentes em sua temporada na prisão, como relatou a jornalista e escritora australiana. No Facebook, ela disse guardar boas recordações de Archer, e criticou a “barbárie” do fuzilamento.
Numa gravação por telefone, ele ainda dava conselhos aos mais jovens, avisando que drogas só podem levar à morte ou à prisão.
Sua voz estava firme, parecia esperar um milagre, mesmo faltando apenas 120 minutos pra enfrentar o pelotão de fuzilamento – a se confirmar, deixou esta vida com o bom humor intacto, resignado.
Sabe-se que ele pediu uma garrafa de uísque Chivas Regal na última refeição e que uma tia teria lhe levado um pote de doce-de-leite.
O arrependimento manifestado nas últimas horas pode ser o reflexo de 11 anos encarcerado. Afinal, as pessoas mudam. Ou pode ter sido encenação. Só ele poderia responder.
Para mim, o homem só disse que estava arrependido de uma única coisa: de ter embalado mal a droga, permitindo a descoberta pela polícia no aeroporto.
“Tava tudo pronto pra ser a viagem da minha vida”, começou, ao relatar seu infortúnio.
Foi assim: no desembarque em Jakarta, meteu o equipamento no raio x. A asa dele tinha cinco tubos, três de alumínio e dois de carbono. Este é mais rijo e impermeável aos raios: “Meu mundo caiu por causa de um guardinha desgraçado”, reclamou.
“O cara perguntou ‘por que a foto do tubo saía preta’? Eu respondi que era da natureza do carbono. Aí ele puxou um canivete, bateu no alumínio, fez tim tim, bateu no carbono, fez tom tom”.
O som revelou que o tubo estava carregado, encerrando a bem-sucedida carreira de 25 anos no narcotráfico.
Marco ainda conseguiu dar um drible nos guardas. Enquanto eles buscavam as ferramentas, ele se esgueirou para fora do aeroporto, pegou um prosaico táxi e sumiu. Depois de 15 dias pulando de ilha em ilha no arquipélago indonésio passou sua última noite em liberdade num barraco de pescador, em Lombok, a poucas braçadas de mar da liberdade.
Acordou cercado por vários policiais, de armas apontadas. Suplicou em bahasa que tivessem misericórdia dele.
No sábado, enfrentou pela última vez a mesma polícia, mas desta vez o pessoal estava cumprindo ordens de atirar para matar.
Foi o fim do Curumim.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Brasil bate recorde na concessão de refúgio a estrangeiros

Número é três vezes maior que em 2013. Sírios e angolanos são os que mais pediram refúgio no país
O Brasil bateu um recorde em 2014 ao acolher 2.320 refugiados de diversos países do mundo. O número é três vezes maior que 2013 (651) e onze vezes maior que 2012 (199). Sírios e angolanos são os que mais entraram no país. O balanço foi divulgado pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão colegiado vinculado à Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça.
O Conare também ampliou em dez vezes o número de pedidos apreciados por reunião. A produtividade do órgão saltou de 33 solicitações por plenária em 2011 para 368 em 2014.
“Algumas resoluções administrativas permitiram a simplificação e a desburocratização de processos, gerando resultados mais ágeis, capazes de atender à maior demanda”, explica Paulo Abrão, secretário nacional de Justiça e presidente do Conare.
No período compreendido entre 2011 e 2014, o Comitê contou com um aumento nas solicitações de refúgio na mesma proporção, saindo de 1.138 em 2011 para 8.302 em 2014. Hoje o país tem um total de 6.492 refugiados de mais de 80 nacionalidades diferentes e outras 556 pessoas reassentadas (7.048 no total).
Um expressivo número de estrangeiros que apresentou solicitação de refúgio nesse período era de religião muçulmanos. Além disso, muitos haitianos pediram proteção ao Brasil. Os pedidos desses nacionais passaram a ser remetidos para o Conselho Nacional de Imigração, que emite autorização de residência permanente em caráter humanitário.
Um terceiro fenômeno migratório nesse período foi a chegada de sírios em decorrência do conflito no Oriente Médio. Para proteger esses nacionais, o Conare emitiu uma resolução que acelerou o processo de reconhecimento de sírios que pedem refúgio no Brasil.
Soluções duradouras
Em 2011, o Programa de Reassentamento Solidário brasileiro recepcionou 25 refugiados latinoamericanos nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Já em 2012, chegaram ao Brasil 38 colombianos. Em 2013, chegaram ao Brasil 59 colombianos. Em março de 2014, mais 57 pessoas foram aprovadas vindas do Equador, país com maior número de refugiados da América Latina.
Desde 2012, colombianos podem ainda solicitar residência temporária no Brasil como parte do Acordo de Residência do Mercosul. A residência permanente pode ser solicitada depois de dois anos, prazo menor que os quatro previstos para refugiados.
Além de capacitar agentes da Polícia Federal no atendimento a solicitantes de refúgio, o Conare também busca contribuir para a integração dessa população. Uma medida em 2012, por exemplo, atendeu a uma demanda histórica por eliminar a palavra “refugiado” da documentação pessoal de refugiados, que colaborava com a estigmatização de refugiados, confundidos com fugitivos. 
Para a formulação de uma política nacional voltada para o atendimento ao refugiado e solicitante de refúgio, foi promovida em 2014 a 1ª Conferência Nacional para Migrantes e Refugiados.
O encontro Cartagena+30, que aconteceu em Brasília, em dezembro do ano passado, consolidou e ampliou as conquistas da declaração que foi um marco para o trabalho humanitário na América Latina e no Caribe, além de estabelecer quais os próximos desafios a serem superados nos próximos dez anos.
Veja os números:

Tabela de processos de refugiados de 2012 a 2014

                2014                   
            2013                 
         2012        
Solicitações                                
8302
5882
    2008
Deferimentos
2320
651
199
Indeferimentos
160
636
596
Total casos julgados
2480
1287
795
 Foto da capa: EPA/Sedat Suna/Agência Lusa

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Refugiados no Brasil: Mapa mostra de onde são os estrangeiros com o status no país

7.662 é o número total de refugiados no Brasil.


Pedidos e concessões de refúgio

As 15 nacionalidades com mais concessões de refúgio em 2014



Fonte: G1

ONU abre inscrições para Programa de Estudos de Pós-Graduação em Genebra; prazo é dia 27/2

Os candidatos devem ter entre 23 e 35 anos de idade. Como este é um programa bilíngue, os candidatos devem ter um bom conhecimento tanto em inglês quanto em francês.
Estudantes na ONU em Genebra. Foto: UNIS
Estudantes na ONU em Genebra. Foto: UNIS
Programa de Estudos de Pós-Graduação do Serviço de Informação das Nações Unidas (UNIS), em Genebra, está com inscrições abertas, com prazo até o dia 27 de fevereiro de 2015.
O Programa oferece uma oportunidade para que os participantes aprofundem a sua compreensão do Sistema das Nações Unidas, através da observação em primeira mão e de estudos temáticos. O Programa de Estudos de Pós-Graduação é realizado no Escritório das Nações Unidas em Genebra, anualmente, sempre em julho.
Os participantes formam grupos de trabalho para estudar as questões relacionadas aos direitos humanos, o desenvolvimento e o meio ambiente sob a orientação de especialistas das Nações Unidas. Aos participantes são fornecidos documentos selecionados e publicações sobre o tema em discussão. O programa é realizado em inglês e francês, sem tradução.
Os alunos de pós-graduação convidados a participar do Programa de Estudo são selecionados com base em sua experiência acadêmica e motivação, com o devido respeito à distribuição equitativa em termos geográfico e de gênero. Os candidatos devem ter entre 23 e 35 anos de idade. Como este é um programa bilíngue, os candidatos devem ter um bom conhecimento tanto em inglês quanto em francês.
Estudantes de pós-graduação interessados no Programa de Estudos de Pós-Graduação 2015 devem apresentar a sua candidatura online antes da data limite de 27 de fevereiro de 2015. Não serão aceites candidaturas após esta data.
O formulário de candidatura deve ser preenchido online, acompanhado de uma carta de recomendação (em inglês ou francês apenas) de uma universidade ou autoridade governamental, comprovante de matrícula em um programa de mestrado (ou equivalente) e diplomas universitários obtidos.
Todos os detalhes em www.unog.ch/gsp
Fonte: ONU Brasil