terça-feira, 15 de maio de 2018

ONU condena Israel por uso de "terrível violência mortal" na Faixa de Gaza

O gabinete responsável pela defesa dos Direitos Humanos das Nações Unidas condenou esta terça-feira o uso de força por parte das forças de segurança israelitas. Na segunda-feira, a intervenção israelita junto à fronteira com a Faixa de Gaza fez pelo menos 60 mortos e várias centenas de feridos. Foi o dia mais negro desde a guerra de 2014 entre Israel e o Hamas.
O gabinete das Nações Unidas responsável pela defesa dos Direitos Humanos condenou esta terça-feira os últimos acontecimentos ocorridos em Gaza, no mesmo dia em que Israel assinalou os 70 anos da sua independência e em que a atual Administração norte-americana decidiu consumar a deslocalização da Embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém. 
Nas palavras do porta-voz Rupert Colville, a ONU condena o uso de “terrível violência mortal” pelas forças de segurança israelitas e assume-se extremamente preocupado com o que poderá acontecer esta terça-feira.
O responsável apelou ainda à condução de uma investigação independente sobre a atuação de Israel. Segundo a agência France-Presse, os Estados Unidos fizeram saber logo na segunda-feira que vão bloquear qualquer eventual inquirição junto das Nações Unidas.
No Twitter, o alto comissariado para os Direitos Humanos salienta ainda que “as regras para o uso de força nos termos da lei internacional têm sido repetidos muitas vezes, mas são ignorados repetidamente”.
“Parece que qualquer pessoa está sujeita a ser morta ou ferida: mulheres, crianças, imprensa, socorristas, transeuntes, e em quase qualquer ponto a 700 metros da cerca", acrescenta.
As Nações Unidas assumem ainda “extrema preocupação com o que pode acontecer hoje – um dia de emoções para todos – e nas semanas que se seguem”.
“Exigimos a máxima contenção. Já chega”, pode ler-se na mesma publicação. 
Na segunda-feira, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos já tinha condenado o uso de força pelas forças israelitas.
Zeid Ra'ad Al Hussein exigiu o fim dos disparos de munições reais por parte dos israelitas e assumiu-se “chocado” com a morte de dezenas de pessoas.
“Os responsáveis por estas violações escandalosas dos Direitos Humanos devem prestar contas. A comunidade internacional deve garantir que seja feita justiça para com as vítimas”, acrescentou.

Risco de novos confrontos

A manifestação de segunda-feira foi o culminar da "Marcha do Retorno", uma onda de protestos iniciada no fim de março que reivindica o direito ao regresso dos palestinianos aos territórios ocupados por Israel.
De acordo com os dados da ONU, pelo menos 711 mil árabes palestinianos fugiram ou foram expulsos após a fundação do Estado de Israel, em 1948. Nas últimas seis semanas morreram 49 pessoas, a juntar às vítimas registadas nesta segunda-feira.
Hoje, os palestinianos assinalam sete décadas desde o início da Nakba ("Catástrofe" em árabe), ou seja, a expulsão da primeira vaga de palestinianos que tiveram de procurar refúgio fora da sua terra, pelo que são esperadas novas manifestações ao longo do dia.
A carga simbólica da efeméride junta-se à realização dos funerais de pelo menos 60 vítimas mortais na sequência da investida das forças israelitas de segunda-feira. A última morte registada pelas autoridades palestinianas é mesmo de um bebé de apenas oito meses que pereceu após inalar gás lacrimogéneo no local dos protestos.
Na sequência dos recentes eventos, o líder da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, apelou à realização de uma greve geral esta terça-feira na Cisjordânia em homenagem às vítimas mortais. Escolas, universidades, bancos e lojas vão estar fechadas durante o dia. O líder palestiniano decretou também três dias de luto nacional.
As manifestações ocorridas na segunda-feira marcam o protesto contra as terras ocupadas há 70 anos, mas foram ainda mais inflamadas pela decisão de deslocalizar a Embaixada norte-americana de Israel para Jerusalém. O novo edifício provisório foi inaugurado na segunda-feira com a presença da filha do Presidente, Ivanka Trump, e do genro e conselheiro Jared Kushner, entre outros responsáveis.

A decisão em causa é motivo de regozijo entre os israelitas mas de revolta e ira entre os palestinianos. Afinal, há várias décadas que a cidade de Jerusalém é disputada pelas duas partes, que reclamam a cidade como a sua capital.

Fonte: RTP

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