quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Estados Unidos e Cuba restabelecem relações diplomáticas

Os EUA vão reabrir a embaixada americana em Cuba. Cuba se comprometeu a abrir o país para organizações internacionais, como a ONU. 
Os Estados Unidos e Cuba anunciaram, nesta quarta-feira (17), mudanças históricas. A principal delas é que os dois países vão restabelecer as relações diplomáticas, que estão rompidas há mais de meio século.
Os presidentes dos dois países foram à televisão ao mesmo tempo para dar a notícia. Em Cuba, Raul Castro disse que a decisão de Barack Obama merece respeito e reconhecimento dos cubanos.
Nos Estados Unidos, Obama afirmou que a estratégia de isolar Cuba não funcionou. E que os americanos, agora, estendem uma mão amiga aos cubanos.
"Na mudança mais significativa em mais de 50 anos, vamos encerrar uma estratégia que há décadas falhou em atingir os resultados desejados. Em vez disso, vamos começar a normalizar as relações entre os nossos países", disse Obama. O presidente até falou em espanhol: "Todos somos americanos".
O sinal de que a retomada nas relações diplomáticas estava próxima veio poucas horas antes. Cuba libertou Alan Gross, um americano preso há cinco anos. E também um cubano que trabalhou como agente secreto para os Estados Unidos e estava preso na ilha há 20 anos. Em troca, a Casa Branca ordenou a libertação de três cubanos presos por espionagem. Foi um dia histórico.
Desde a década de 1960, Estados Unidos e Cuba são inimigos. Era a Guerra Fria, época em que Estados Unidos - capitalistas - e a União Soviética, comunista - disputavam a supremacia mundial.
Em Cuba, Fidel Castro chegou ao poder em 1959 e iniciou um governo comunista. Para derrubá-lo, os Estados Unidos impuseram um embargo econômico: pararam de comprar produtos cubanos, a começar pelo açúcar, importante fonte de dinheiro para o país. E também pararam de exportar para Cuba. Restringiram as viagens de americanos para lá e romperam as relações diplomáticas.
Nos últimos anos, o governo de Barack Obama tinha começado a afrouxar algumas das restrições. Americanos já conseguiam viajar a Cuba com alguma facilidade se fosse para atividades religiosas ou jornalísticas, por exemplo.
Nesta quarta-feira (17), os dois presidentes lembraram que, apesar da reaproximação, o embargo econômico continua em vigor.
"Concordamos em restabelecer as relações diplomáticas, mas isso não significa que todas as principais questões estejam resolvidas", disse o presidente cubano. "O bloqueio econômico, comercial e financeiro, que causa prejuízos econômicos e humanos enormes ao nosso país, tem que acabar", concluiu.
Obama explicou que o embargo está definido em leis e só o legislativo tem o poder de mudá-las. "Estou ansioso para envolver o Congresso em um debate honesto e sério sobre o fim do embargo", disse.
Enquanto isso, o presidente anunciou que vai facilitar as viagens de americanos para Cuba, desde que não sejam a turismo.
Entre as outras novidades, Obama disse que americanos vão poder usar cartões de crédito e de débito na ilha. E que vai reabrir a embaixada americana no país. Estados Unidos e Cuba vão trabalhar juntos em questões como combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas.
Cuba se comprometeu a abrir o país para organizações internacionais, como a ONU e a Cruz Vermelha. E a oferecer mais acesso à internet para a população. O governo de Raul Castro também vai libertar 53 prisioneiros, considerados, pelos americanos, presos políticos.
Barack Obama e Raul Castro se falaram na terça-feira (16), por telefone, durante 45 minutos, sobre a reaproximação. Foi a primeira conversa entre um líder americano e um cubano em 55 anos. Mas a costura desse acordo envolveu ainda um terceiro chefe de Estado: o do Vaticano. Tanto Obama quanto Castro reconheceram o papel fundamental do Papa Francisco, que vinha cobrando deles uma solução para o velho problema entre os dois países.
Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário