quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Certificação é o caminho para atingir mercado externo


As perspectivas e a qualidade para certificação da cachaça do estado do Rio de Janeiro estarão na mesa de debate do 9º Seminário Rio Metrologia, que acontece nos dias 1 e 2 de setembro. 
O evento deste ano tem como tema 'Medir para Competir'. E, para os adeptos da cachaça de alambique, haverá degustação da primeira cachaça fluminense certificada - a 'Menina do Rio'.
Identificada através do selo de conformidade do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e do Inmetro, a certificação pode ser o caminho para a entrada em mercados exigentes, como o europeu. Em 2010, a cachaça foi exportada para mais de 60 países, gerando 10,44 milhões de litros com uma receita de US$ 15,95 milhões, segundo dados levantados pela Associação Brasileira da Cachaça.
Hoje, o País conta com mais de 40 mil produtores (4 mil marcas). As microempresas correspondem a 99% do total de produtores. Porém, a sua grande maioria não possui certificação de seu produto. No Rio de Janeiro, a primeira cachaça certificada pelo INT, que recebeu o selo foi a produzida pelo alambique São Fulgêncio, localizado em Sapucaia, a 70 km de Teresópolis.
O empresário Sergio Lund vem pesquisando sobre a cachaça há seis anos e fez a avaliação de conformidade do seu produto antes mesmo dele chegar ao mercado. 'O Alambique São Fulgêncio chegou ao mercado em junho passado e vai produzir, até o final de 2011, 40 mil litros certificados para abastecer os mercados de Teresópolis, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A meta é alcançar os países da Europa. Os consumidores da Alemanha, França e Portugal já estão fazendo prova da nossa cachaça'. Lundi adianta que a degustação da cachaça 'Menina do Rio' também poderá ser feita no 9º Seminário Rio Metrologia.
A gerente de certificação do Instituto Nacional de Tecnologia, Edir Alves Evangelista, e a tecnologista Rosana Carvalho Esteves, participaram de todo o processo de certificação da 'Menina do Rio', tipos ouro e prata. Segundo elas, a avaliação de conformidade garante que todo o processo controlado e que se tenha um produto mais confiável: 'Todos os elementos químicos que a cachaça pode conter vão estar mapeados, além das informações sobre a produção" - afirma Edir Evangelista.
Fonte: INT 

Leia sobre o Processo de Certificação 

O processo de certificação é iniciado com a análise da documentação da empresa solicitante. Tem sequência com uma auditoria completa no alambique. Todas as etapas do processo produtivo são acompanhadas: desde o plantio até a estocagem do produto final. Em relação ao cultivo da cana-de-açúcar, são examinados o controle do uso de defensivos agrícolas e fertilizantes, o controle da maturação e o tempo de colheita.
Em seguida, na sala de fermentação são avaliados todos os parâmetros de higiene e adequação, as grandes vasilhas (dornas) onde fica armazenado o mosto, além do material e condições de destilação, e o teor alcoólico e acidez da cachaça. Coletadas amostras, o produto também é submetido à análise química, que assegura que a composição obedece aos limites da regulamentação vigente. Esse controle contribui para manter o patamar de qualidade e pode trazer ganhos de produtividade.
A auditoria também verifica questões relativas à responsabilidade social, como a regularização da mão de obra e a ausência de trabalho escravo ou infantil, e ao meio ambiente, como o descarte de subprodutos (bagaço, vinhoto, águas residuais etc.), a existência de licença ambiental atualizada e o registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Na etapa de moagem, verifica-se as áreas de estocagem da cana, o local da moenda, a ausência de animais na área de produção, o tratamento do caldo, a manutenção do equipamento, a saúde e segurança do trabalhador e a correção do mosto, que é o caldo em fermentação.
A avaliação da conformidade da cachaça é regulamentada pela portaria 276 do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), e visa aprimorar essa cadeia produtiva, promovendo a sustentabilidade do produto e sua melhor inserção no mercado internacional.
Por fim, são verificadas as condições de armazenamento, envelhecimento, envasamento, a embalagem do produto e sua estocagem. O produto final deve ser submetido ao controle de produção do próprio fabricante, mas também é checado a partir de amostras coletadas durante a auditoria. Os ensaios, feitos segundo o Regulamento de Avaliação da Conformidade, estabelecido pelo Mapa, analisam o grau alcoólico, os níveis de cobre, a acidez, a quantidade de açúcares, a presença de chumbo, arsênio, entre outras substâncias. Todo este acompanhamento torna a cachaça rastreável, como já acontece com outras bebidas destinadas a mercados consumidores cada vez mais exigentes e conscientes.
Além desta certificação voluntária, o INT, na qualidade de Organismo Certificador de Produtos (OCP 023), realiza a certificação compulsória de produtos como preservativos masculinos, fósforos de segurança, capacete para motociclistas, embalagem de álcool etílico, luvas cirúrgicas e luvas para procedimentos não cirúrgicos.
Vale ressaltar que a certificação pode ser obtida em vários setores da economia. Como é o caso da habitação.
O especialista no assunto Vanilson Fragoso, da SIG Consultoria, vai estar também no Seminário Rio Metrologia e vai falar sobre a avaliação da conformidade associada à sustentabilidade.

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