segunda-feira, 27 de junho de 2011

A Dívida Soberana Grega e os Efeitos Negativos para a Integração Europeia

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Por que a crise grega é uma ameaça à integração europeia

A tese da supranacionalidade, considerada um avanço do ponto de vista da integração econômica e politica, todavia, passa a ser associada a um retrocesso no contexto da crise da Grécia. Com o crescente aumento das dividas públicas de parte dos Estados-membros da zona do Euro, mais especificamente os PIGS, grupo composto por Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha, iniciou-se uma especulação no mercado financeiro internacional acerca da sustentabilidade da politica monetária comum desses Estados. A crise econômica mundial de 2008, iniciada com o quebra do Banco Lehman Brothers e o escândalo Madoff, nos Estados Unidos, repercutiu de maneira nefasta na politica monetária internacional, com a chamada guerra cambial.

 Diferentemente do caso de outras dividas soberanas, a dívida pública grega não interessa apenas aos gregos. Os efeitos da classificação do risco da economia grega, e a possibilidade de uma moratória grega, afetam todos os demais Estados membros da UE ao refletir diretamente na política monetária comum europeia. Com exceção deste fato, a crise grega poderia ser comparada a da Rússia em 1998 ou da Argentina em 2001, mas a Grécia encontra-se subordinada a politicas de controle monetário que limitam o âmbito de atuação do Banco Central e do Ministério da Fazenda grego (Cibil, 2011).  A Grécia encontra-se atrelada ao Euro, mas este também é afetado pela economia grega, essa interdependência torna improvável que a Grécia, assim como a Argentina, desvalorize sua moeda de maneira drástica na tentativa de garantir maior competitividade no mercado internacional e reduzir o déficit da balança comercial (Rugy, 2011). Este talvez seja a primeiro grande desafio para a sobrevivência do Euro, que por sua vez é um teste para o próprio modelo de integração econômica europeia (Taylor, 2010). Segundo Plummer os possíveis efeitos da crise grega são diversos, incluindo desde um novo pacote de resgate bem sucedido até o calote e a saída da Grécia da zona do Euro (Plummer; Peter, 2011). Do ponto de vista econômico, Lachman, por exemplo, considera que seria mais benéfico para a Grécia abandonar o Euro e desvalorizar a moeda, de maneira que assim estaria em situação mais favorável do que a Argentina há 10 anos, quando desvalorizou sua moeda, pois haveria melhores condições para renegociar os contratos de empréstimo(Lachman, 2011).
Por outro lado, parte do problema, segundo Walt, pode estar associado a fragilidade dos mecanismos europeus destinados a responder a instabilidade monetária e financeira, o que demandaria a criação de uma autoridade econômica centralizada, isto é, um “verdadeiro” banco central europeu, com mais liberdade de atuação (Walt, 2010).  Neste sentido, o fato de a dívida grega ter ultrapassado em muito o limite permitido pela União Europeia, reflete a disfunção do sistema financeiro europeu, que é incapaz de impor a fiel observância das regras e políticas fiscais propostas pela União Europeia.
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Fonte: Mundorama

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