Os Estados Unidos e a China --que, juntos, são responsáveis
por 40% das emissões de carbono do mundo-- anunciaram neste sábado (3) que
ratificarão, ou seja, adotarão oficialmente, o acordo global sobre o clima de
Paris.
Após chegar à cúpula do G20 na cidade de Hangzhou, na China,
O presidente americano Barack Obama disse que "a história dirá que o
esforço que fizemos hoje foi essencial".
Mas a resolução dos dois países pode realmente ser uma boa
notícia para o meio ambiente?
As emissões de gases do efeito estufa são a principal força
por trás da mudança climática no planeta.
Em dezembro de 2015, durante a COP-21 (conferência do clima
da ONU), países concordaram em reduzir suas emissões o suficiente para manter o
aumento médio da temperatura global "bem abaixo de 2ºC".
O ponto central do chamado Acordo de Paris, que valerá a
partir de 2020, é a obrigação de participação de todas as nações --e não apenas
países ricos-- no combate às mudanças climáticas. Ao todo, 195 países membros
da Convenção do Clima da ONU e a União Europeia assinaram o documento.
Mas ele só será aplicado legalmente depois de ser ratificado
por pelo menos 55 países, que, juntos, produzam 55% das emissões de carbono.
"Este é um passo importante para tornar o Acordo de
Paris uma realidade", diz o analista de questões ambientais da BBC Roger
Harrabin.
"Outras nações vão brigar para entregar suas
ratificações, mas isso vai colocar pressão nos países do G20 durante o fim de
semana, para que sejam mais rápidos na promessa de parar de subsidiar a queima
de combustíveis fósseis."
Metas diferentes
Até agora, as 23 nações que haviam ratificado o acordo eram
responsáveis por somente 1% das emissões.
"Com a ratificação da China e dos EUA, só será preciso
conseguir mais um par de grandes poluidores para que o total de 55% seja
alcançado", explica Harrabin.
Mas mesmo que isso ocorra em breve, ainda há muitos desafios
pela frente.
A Grã-Bretanha, por exemplo, ainda não ratificou o tratado.
Um porta-voz da primeira-ministra Theresa May disse à BBC que isso seria feito
assim que possível, mas não falou em datas.
No Brasil, o tratado passou pela Câmara dos Deputados, mas
ainda precisa do aval do Senado.
Em seu discurso em Hangzhou, Obama afirmou que o Acordo de
Paris é "a melhor chance que temos de lidar com um problema que pode
acabar transformando este planeta".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que Obama e
o presidente chinês Xi Jinping foram "perspicazes, corajosos e
ambiciosos".
No entanto, ambos os países estabeleceram metas muito
diferentes, refletindo os diferentes estágios de seu desenvolvimento econômico.
Os Estados Unidos dizem que, até 2025, tentarão reduzir suas
emissões de carbono para 26 a 28% abaixo do que emitiam em 2005.
Já a China prometeu reduzir apenas o avanço de suas emissões
até 2030.
'Fraco demais'
Outro desafio, segundo Harrabin, é o fato de que mesmo que
os dois países cumpram suas promessas, os cortes ainda resultariam em um
aumento de 2,7ºC ou mais na temperatura do planeta --muito acima do 1,5ºC que a
ONU tem como meta.
Analistas alertam para o fato de que o objetivo de manter o
aumento de temperatura abaixo dos 2ºC já corre o risco de não ser alcançado.
Durante 14 meses consecutivos, meteorologistas registraram o
mês mais quente da história. E a média de temperatura global deve aumentar mais
nos próximos anos, na medida em que o efeito das emissões de carbono atuais
forem sentidos.
A organização ambiental Friends of the Earth comemorou a
decisão da China e dos EUA, mas seu porta-voz, Asad Rehman, disse que "o
Acordo de Paris é um passo na direção certa, mas na verdade é fraco demais e
adia as ações até a próxima década".
"O que precisamos é uma ação abrangente e urgente para
cortar as emissões e construir um futuro com menos carbono", afirmou.
Fonte: UOL
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