A insegurança alimentar — a falta de acesso confiável a uma
quantidade suficiente de alimentos baratos e nutritivos — permanece como uma
característica do século 21. Hoje, uma em cada quatro pessoas da África
Subsaariana está subnutrida, apesar de a região deter metade das terras férteis
do mundo. Nesse cenário, o acesso às novas tecnologias de comunicação e
informação (TICs) é essencial para desbloquear esse potencial, disseram
especialistas ao site da União Internacional de Telecomunicações (UIT).
Apesar de mais de 67% da população da África ter celular,
aproximadamente 75% do continente está off-line. Isso não impediu empresas
globais de tecnologia de expandir suas operações na África: o Facebook abriu
recentemente um escritório na África Subsaariana; a SAP vai investir 500
milhões de dólares até 2020 para introduzir novas tecnologias no continente; e
o projeto da IBM Lucy passou a ter sede em um novo centro de pesquisa no
Quênia.
Com o objetivo de aproveitar esse entusiasmo, a agência do
governo norte-americano para a segurança alimentar global, a Feed the Future,
está trabalhando para promover investimentos do Vale do Silício em mercados
emergentes.
A vice-coordenadora da Feed the Future, Beth Dunford, disse
que “há tanta inovação (no Vale do Silício), mas é preciso alguma criatividade,
ou mesmo um pouco de incentivo, para que os agricultores com os quais nós nos
preocupamos sejam atendidos”.
Essas estratégias incluem reuniões individuais, fóruns e
viagens para mercados em desenvolvimento para apresentar aos investidores do
Vale do Silício os diversos desafios que esses mercados enfrentam, da regulação
à infraestrutura.
Para o presidente da Digital Green, organização
internacional de desenvolvimento, Rikin Gandhi, a tecnologia pode tornar a
agricultura mais eficiente, mas “atirá-la” em vilarejos aleatoriamente não
funciona.
“Normalmente, o papel que a tecnologia tem é de permitir ou
ampliar um sistema existente, normalmente não funciona para resolver problemas
já existentes”, disse.
A África Subsaariana tem um crescente número de
empreendedores, start-ups e centros de inovação que têm conhecimento do mercado
e inovam com ferramentas disponíveis localmente.
“O Vale do Silício pode abrir caminho ao comprometer
recursos para investir junto com investidores locais, como um voto de confiança
e uma ferramenta para construir conhecimento para a comunidade de investimentos
africana”, disse Lexi Novitske, chefe da Singularity Investments.
Consequentemente, Gandhi sugere que uma maior colaboração
entre o Vale do Silício e os centros tecnológicos africanos, tais como o
queniano Savana do Silício, poderiam apoiar melhor as comunidades rurais e
agrícolas.
“O Vale do Silício tem um amplo alcance. Já o Savana do
Silício tem presença local na África, assim como Microsoft e Google; companhias
multinacionais com pessoas do mundo todo”, disse Gandhi.
“Uma combinação de empresários locais e corporações
multinacionais, trabalhando em algumas das questões locais e processos de
desenvolvimento que existem e ver como podem impulsionar sua eficiência com uma
visão mais local das aplicações seria útil.”
Fonte: ONU Brasil
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