Cedella Roman, jovem francesa de 19 anos, estava visitando a
mãe na província da Colúmbia Britânica, no Canadá, no fim do último mês de
maio (2018), quando, uma noite, decidiu sair para correr na praia.
Conforme seu relato à imprensa canadense, quando a maré
subiu, ela tomou um caminho de terra alguns metros acima da linha do mar e
parou para tirar uma foto antes de retomar seu trajeto.
Continuou caminhando, até que foi abordada por agentes da
Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos: sem perceber, ela havia deixado o
Canadá e estava na cidade americana de Blaine, no Estado de Washington.
"Eles começaram a falar que eu tinha cruzado
ilegalmente a fronteira e eu disse que não tinha feito aquilo de
propósito", contou Roman em entrevista à Radio-Canada.
A jovem relata que pensou inicialmente que receberia uma
advertência ou, no pior dos cenários, uma multa.
Porém, quando percebeu que estava sem identificação e apenas
com a roupa do corpo, ela começou a se dar conta da gravidade da situação.
"Ainda que tivesse constatado que era mais sério, nunca
pensei que seria presa", afirma.
Mas foi exatamente isso que aconteceu: Roman foi enviada ao
Centro de Detenção de Tacoma Northwest, destinada a imigrantes ilegais e
localizada a 220 km do local onde fora encontrada.
"Pediram que tirasse todos os meus pertences pessoais e
me revistaram da cabeça aos pés. Ali entendi que o que estava acontecendo era
sério e comecei a chorar", afirmou à emissora canadense CBC.
Na prisão
A jovem lembra que foi colocada em um cômodo com outras cem
pessoas.
"Estávamos trancados o tempo inteiro. O pátio estava
cercado por arame farpado e cachorros", contou em entrevista à agência de
notícias AFP.
"Ver pessoas vindas da África e de outros lugares
presas por cruzarem a fronteira colocou minha experiência em perspectiva."
Horas depois da detenção, permitiram que ela entrasse em
contato com a mãe, Christiane Ferne, que se dirigiu então ao centro de detenção
com passaporte e a carteira de trabalho da filha.
Os agentes americanos, contudo, não a liberaram até que as
autoridades de imigração canadenses confirmassem que ela poderia voltar para o
país.
Finalmente, o Canadá autorizou a entrada - mas apenas 15
dias depois de sua primeira saída. Roman teve, portanto, de passar duas semanas
no centro de detenção para imigrantes.
Documentos do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega
dos Estados Unidos obtidos pela emissora CBC confirmam a prisão de Roman e seu
retorno ao Canadá no último dia 6 de junho.
Funcionários da imigração dos dois países negaram o pedido
da BBC para comentar o caso, alegando questões relacionadas à privacidade.
Um porta-voz do Departamento de Alfândega e Controle de
Fronteira dos EUA ressaltou que qualquer pessoa que cruze o país fora das
portas de entrada oficiais viola a lei e, por isso, pode ser processado.
"A norma se aplica inclusive a quem afirma ter cruzado
inadvertidamente a fronteira", segundo comunicado.
Fonte: BBC
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