"Você conhece a Malala?"
"Sim. Minha professora de história me contou que ela é
muito importante"
Um adulto fez a pergunta acima e quem respondeu foi uma
menina de sete anos, enquanto esperava na fila para autografar seu livro novo.
O título? Nada de histórias pré-fabricadas sobre príncipes e princesas, mas a
de uma das vozes mais importantes contra a opressão feminina no mundo: Malala
Yousafzai.
Escrito pela jornalista Adriana Carranca, Malala - A menina
que queria ir para a escola (Companhia das Letrinhas, R$ 29,90), inaugura um
novo gênero que foi batizado de "livro-reportagem para crianças".
Carranca viajou até o vale do Swat, no Paquistão, e conta de forma didática
como era a vida da menina que ficou conhecida por defender o direito à
educação, sofreu um atentado por isso, e sobreviveu para contar. Hoje Malala é
ativista na ONU e dona de um prêmio Nobel da Paz.
"Ali havia príncipes, guerreiros, rainhas. Havia os
vilões, que eram os homens barbudos das montanhas. Tinha o sonho da menina que
queria ser alguém, mas não pela via do casamento. Tudo isso em um vale que
parecia encantado. Fui percebendo como tudo seria interessante para as
crianças", disse Adriana para O Globo.
Além de Malala, outros títulos publicados colaboram para que
a discussão sobre direitos humanos no dia a dia com as crianças se torne
frequente -- com histórias que vão muuuuuuito além dos contos de fadas e
histórias para dormir. Aqui estão 13 deles para você escolher:
Malala - A menina que
queria ir para a escola
No primeiro livro-reportagem destinado ao público infantil,
a jornalista Adriana Carranca relata às crianças a história da adolescente
paquistanesa Malala Yousafzai, baleada por membros do Talibã aos catorze anos
por defender a educação feminina. Na obra, a repórter traz suas percepções sobre
o vale do Swat, a história da região e a definição dos termos mais importantes
para entender a vida desta menina tão corajosa. (Companhia das Letrinhas, R$
29,90)
A esperança é uma
menina que vende frutas
Viajando de trem para uma cidade grande, uma garota sobe em
seu beliche, silenciosa mas com olhos que parecem dizer muitas coisas, e
permanece ali, sem comida e companhia. É com essa recordação que Amrita Das
inicia este livro, resultado de uma oficina de texto e ilustração que cursou em
Chennai, na Índia. Como uma das mais importantes representantes da arte
folclórica indiana chamada Mithila, a artista aproveita este espaço para falar
sobre as dificuldades de uma infância pobre, a vida das mulheres na Índia, a
luta pela liberdade em uma sociedade patriarcal, entre outros assuntos que, de
uma forma ou de outra, dizem respeito a todos nós. Através de belas palavras e
imagens, ela apresenta a sua história e dissemina um pouco da esperança que
parece acompanhar sua arte. (Companhia das Letrinhas, R$ 29,90)
O que é a Liberdade?
Para muitos, o passarinho é um símbolo da liberdade. Mas
será que ele se sente livre mesmo? E afinal, o que é a liberdade? Foi pensando
nesse conceito tão difícil de compreender que Renata Bueno escreveu este livro
recheado de diálogos curiosos entre um passarinho e personagens como um lápis,
um camaleão, um espelho, um mágico... As respostas poéticas de cada um deles
sobre o que é a tal da liberdade vão fazer tanto o passarinho quanto os
leitores perceberem que essa sensação pode ser diferente para cada um de nós —
e nem por isso menos autêntica. (Companhia das Letrinhas, R$ 34,90)
Flicts
Em Flicts, Ziraldo conta a história de um mundo que é feito
de cores, mas nenhuma é Flicts. Uma cor rara, frágil, triste, que procurou em
vão por um amigo. Abandonada, Flicts olhou para longe, para o alto, e subiu, e
teve que sumir, para finalmente encontrar-se. (Melhoramentos, R$ 41,00)
Acompanhando meu
pincel
Ao percorrer as delicadas e vibrantes ilustrações nas
páginas deste livro, o leitor fica conhecendo a história de como a sua autora,
a indiana Dulari Devi, se tornou uma artista. Nascida em uma família pobre, de
tradição pescadora, ela precisou trabalhar na infância, ajudando a mãe na
plantação de arroz, cuidando dos irmãos mais novos em casa, fazendo trabalhos
domésticos para os vizinhos. O que mais gostava de fazer, no entanto, era parar
no caminho para ver as outras crianças brincarem (Martins Fontes, R$ 32,50)
A diaba e sua filha
Todos os dias, ao anoitecer, uma diaba de pele escura, olhos
brilhantes e roupas muito limpas sai pelas ruas da cidade, batendo de porta em
porta, em busca de sua filha perdida. Prestes a ajudá-la, as pessoas reparam
que ela tem cascos negros e delicados no lugar dos pés e imediatamente a
expulsam de suas casas, apagando as luzes até que se afaste. Ao narrar esse
conto de mistério, antes uma alegoria sobre nossos próprios medos e
preconceitos, a autora coloca bem e mal, humanidade e demônios, nós e os outros
na mesma página, nos desafiando a buscar qualquer traço de humanidade dentro de
nós mesmos. (Cosac Naify, R$ 29,90)
A Bela Desadormecida
Quando Belinha nasceu, seus pais deram uma grande festa e
chamaram todo o mundo, menos a bruxa. Mas ela compareceu mesmo sem convite e
levou como presente uma maldição: ao completar catorze anos, Belinha seria
picada no dedo e, nesse instante, ela e todos os que estivessem por perto
dormiriam um século. Os pais de Bela passaram catorze anos evitando que a filha
se aproximasse de objetos pontudos ou cortantes. Mas o que aconteceu quando
chegou o dia tão temido? É para esse momento que converge toda a emoção da
história. O desenlace, como se verá, é adequado à época em que Belinha vive:
ela é uma menina da metrópole, mora num apartamento e gosta de rock. As
ilustrações, que têm um colorido pouco habitual nos livros infantis, colaboram
para que nada seja adocicado nessa Belinha que desadormece, ainda que nela se
espelhe a doçura dos contos de fada. (Companhia das Letrinhas, R$ 34,00)
A História de Júlia -
E sua sombra de menino
Os pais de Júlia a criticam muito, sempre dizendo que ela se
parece com um menino, no jeito, nas rouaps etc. Numa manhã, a garota percebe
que sua sombra adquire o formato de um garoto, repetindo todos os seus gestos.
Júlia se sente triste e acaba questionando sua própria identidade. (Editora
Scipione, R$ 34,90)
É tudo família!
Davi tem um três-quartos-de-pai que ele adora. Carla e
Maurício têm duas mães e dois pais. Carolina está muito triste e não quer ter
outra mãe. Paula ganha duas festas por ano: a de aniversário e a de dia da
chegada. O pai de Maurício chama-o de pituquinho. Lucinha tem a voz igualzinha
à da mãe. Porém, todos têm algo em comum: pertencem a uma família, e toda
família é única! (L&PM Editores, R$ 31,50)
O nascimento de
Celestine
O nascimento de Celestine ocupa um lugar especial na obra da
artista belga Gabrielle Vincent (1928-2000), criadora da série de álbuns
ilustrados Ernest e Celestine, que conta com admiradores em todo o mundo - e já
inspirou um longa-metragem de animação de mesmo nome, finalista do Oscar 2014.
Neste livro de imagens, com delicadas ilustrações a pincel e tinta sépia, a
autora narra a história de como Ernest, um urso solitário e de bom coração,
encontrou a ratinha Celestine - e de como ambos se tornaram companheiros
inseparáveis. Um clássico sensível e comovente, que praticamente dispensa as
palavras, e toca direto o coração do leitor. (Editora 34, R$ 49,00)
O mundo no black
power de Tay'o
Tayó é uma princesinha que chega em forma de espelho para
que outras princesinhas se mirem, se reconheçam e cresçam, cumprindo a única
missão que nos foi dada, ao virmos viver neste planeta: a de sermos felizes.
(Peirópolis, R$ 34,00)
Um outro país para
Azzi
A partir do olhar da menina Azzi, este livro retrata uma
família do Oriente Médio, que se vê obrigada a fugir quando a guerra começa a
afetar sua rotina. “Às vezes, o barulho das metralhadoras nos helicópteros era
tão alto que as galinhas ficavam assustadas e paravam de botar ovos”, conta a
protagonista, nessa narrativa ricamente ilustrada, revelando sua perspectiva da
aproximação do conflito. (O Pulo do Gato, R$ 42,10)
Crianças como você
Celina, do Brasil, Ji-Koo, da Coréia do Sul, Houda, do
Marrocos, Meena, da Índa, Esta, da Tanzânia... Crianças de verdade falam e
escrevem sobre sua vida e seu jeito de ser. Surpreendente e emocionante, este
livro é um marco. Ele faz uma viagem pelas diferentes culturas do mundo e
mostra o cotidiano das crianças nos mais variados países. Editado em associação
com o Unicef, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Editora Ática, R$ 42,50)
Fonte: Huffpost Brasil
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