Tudo começou em uma reunião dos altos funcionários da France Télécom, hoje Orange, realizada no dia 20 de outubro de 2006. O encontro deveria ser uma operação para "motivação" das equipes, estratégia comum em grandes empresas.
Entre os objetivos do presidente da sociedade na época, Didier Lombard, estavam as demissões de 22 mil empregados. Outros 14 mil deveriam mudar de cargo. A decisão foi baseada no endividamento da empresa. A conta da France Télécom na época se aproximava de € 50 bilhões.
"Essas pessoas sairão da empresa de qualquer jeito, pela porta ou pela janela", teria dito diante do diretor de recursos humanos da France Télécom, Olivier Barberot.
As consequências dos dois programas colocados em prática foram dramáticas. No total, 60 pessoas se suicidaram em três anos, 35 apenas entre 2008 e 2009. Uma gestão denunciada pelos sindicatos franceses como "uma brutalidade extraordinária". No entanto, para Lombard, a onda de mortes sob sua gestão não passou de uma "moda", uma declaração que o obrigou a renunciar.
Clima de ansiedade para "desestabilizar funcionários"
Durante quatro anos, a Justiça de Paris analisou milhares de e-mails, apresentações PowerPoint, interrogou dezenas de empregados e altos funcionários. A conclusão do relatório é de que "incidentes frequentes", com o objetivo de "desestabilizar os funcionários", criaram um "clima profissional de ansiedade" para acelerar os pedidos de demissão. No final do documento de 193 páginas, a conclusão é categórica: "sete ex-dirigentes da France Télécom devem ser processados".
Trinta e nove vítimas são citadas no relatório, especialmente no período 2006-2011: 19 cometeram suicídio, 12 tentaram e oito sofreram depressão ou pediram licença.
No requerimento, a promotoria também pede um processo por assédio moral para outros dois executivos: Barberot e o ex-número dois da empresa, Louis-Pierre Wenes. Outros quatro executivos são acusados de cumplicidade.
Fonte: RFI
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