O líder sérvio Radovan Karadzic aguarda a leitura de seu veredicto em Haia (Holanda) |
O ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic, 70, foi condenado
nesta quinta-feira (24) a 40 anos de prisão por sua responsabilidade no
genocídio em Srebrenica, em decisão história do Tribunal Penal Internacional da
Ex-Iugoslávia, em Haia, na Holanda. Cabe apelação da sentença.
Além do massacre de 1995, Karadzic foi considerado culpado
ainda por outros nove crimes de guerra. Juízes consideraram que ele foi
criminalmente responsável pelo cerco de Sarajevo e cometeu crimes contra a
humanidade em cidades bósnias.
Contudo, os juízes decidiram que não havia provas suficientes
para afirmar que um genocídio foi cometido em outros sete municípios da Bósnia.
Segundo os magistrados, o ex-líder pretendia eliminar a
população islâmica masculina na cidade de Srebrenica, onde 8.000 muçulmanos
foram mortos.
O presidente do tribunal, O-Gon Kwon, disse que os três anos
do cerco de Sarajevo -- durante os quais a cidade de sérvios, muçulmanos e
croatas foi alvo de ataques por forças sérvias-bósnias -- não poderia ter
ocorrido sem o apoio de Karadzic.
A sentença será reduzida em cerca de 7 anos, período que o
ex-líder sérvio já passou detido. Ainda não está definido onde a pena será
cumprida.
Karadzic foi preso em 2008 após 11 anos foragido, após uma
guerra em que mais de 100 mil pessoas foram mortas.
Em entrevista antes do veredicto, ele disse que, como líder
à época, tentou manter a paz e merecia elogios, em vez de punição.
"Minha luta permanente para preservar a paz, impedir a
guerra e diminuir os sofrimentos de todos, não importando sua religião, foi um
esforço exemplar merecedor de respeito, em vez de perseguição", afirmou ao
site Balkan Insight.
O conselheiro jurídico de Karadzic, Peter Robinson, afirmou
que o acusado está "decepcionado e surpreso" e que "apelará da
decisão".
"Justiça foi feita", comemorou o procurador do
TPII. "Milhares de pessoas vieram aqui contar suas experiências e,
corajosamente, enfrentar seus perseguidores", afirmou em um comunicado,
acrescentando: "com esta condenação, esta verdade foi respeitada".
O alto comissário das Nações Unidas para os direitos
Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, considerou como "extremamente
importante" o veredicto, afirmando que prova que "ninguém está acima
da lei".
Fonte: UOL
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