Depois de quatro anos, o órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA) decidiu abrir a tramitação do caso e pedir uma resposta ao Estado brasileiro às denúncias de violações de direitos humanos decorrentes do projeto hidrelétrico em construção na Amazônia.
No momento em que se inicia o enchimento dos reservatórios da represa de Belo Monte, o Brasil é chamado a responder perante a organismos internacionais sobre as violações de direitos humanos decorrentes do projeto. Em 21 de dezembro de 2015, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) deu início ao caso apresentado contra o Brasil pelas organizações Justiça Global, Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e Associação Interamericana para a Defesa do Ambiente (AIDA), que representam as pessoas atingidas pela construção da hidrelétrica.
No momento em que se inicia o enchimento dos reservatórios da represa de Belo Monte, o Brasil é chamado a responder perante a organismos internacionais sobre as violações de direitos humanos decorrentes do projeto. Em 21 de dezembro de 2015, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) deu início ao caso apresentado contra o Brasil pelas organizações Justiça Global, Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e Associação Interamericana para a Defesa do Ambiente (AIDA), que representam as pessoas atingidas pela construção da hidrelétrica.
A etapa de revisão inicial estendeu-se por quatro anos, com diversas
solicitações de tramitação rápida por parte das organizações peticionárias. A
decisão pela abertura da tramitação do caso significa que, enfim, o Estado
brasileiro será obrigado a responder às denúncias de violações de direitos
humanos decorrentes do projeto Belo Monte.
“Já está na hora de o Brasil responder integralmente a
nossas denúncias a respeito da ausência de consulta e consentimento prévio,
livre e informado das comunidades indígenas afetadas; da falta de participação
e de estudos de impacto ambiental adequados, dos deslocamentos forçados e das
violações aos direitos à vida, integridade, saúde e justiça das comunidades
indígenas, ribeirinhas e moradores da cidade de Altamira”, destacou María José
Veramendi Villa, advogada da AIDA.
“A abertura do caso é antes de tudo uma vitória das
populações atingidas e movimentos sociais envolvidos, que resistiram durante
todos esses anos e permanecem firmes e determinados na busca por justiça e
reparação” observa Raphaela Lopes, advogada da Justiça Global.
Em novembro do ano passado, o Instituto Brasileiro do
Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA) outorgou a licença de operação para a
hidrelétrica de Belo Monte. Com isso, permitiu-se o enchimento da represa. Esta
licença foi outorgada apesar de a Norte Energia – empresa encarregada do
projeto – não ter cumprido com as condicionantes necessárias para garantir a
vida, saúde e integridade da população afetada. As comunidades indígenas
afetadas pela hidrelétrica estão protegidas por medidas cautelares outorgadas
em 2011 pela Comissão, as quais o Estado brasileiro ainda não cumpre.
No início de dezembro, o Grupo de Trabalho sobre Empresas e
Direitos Humanos das Nações Unidas visitou a cidade de Altamira, a mais próxima
da construção da represa e uma das áreas mais afetadas pelo deslocamento e
pelos conflitos socioambientais provocados pela construção da hidrelétrica. O
GT se reuniu com alguns dos grupos afetados, entre eles membros de comunidades
ribeirinhas e povos indígenas, escutando suas denúncias. Após a visita, o Grupo
emitiu um pronunciamento no qual exortou ao Governo brasileiro a respeitar os
direitos humanos e a não sacrificá-los às custas do desenvolvimento econômico.
O Grupo de Trabalho deve apresentar seu informe final a
respeito da visita ao Conselho de Direitos Humanos em junho de 2016. A
expectativa éque haja um seguimento adequado a sua visita e que o informe seja
contundente e explícito sobre as violações de direitos humanos decorrentes de
Belo Monte e o acionamento do Estado brasileiro e das empresas envolvidas.
As organizações que representam as vítimas continuarão
trabalhando para que o Brasil responda pelas violações de direitos humanos
causadas pela hidrelétrica.
Fonte: Global
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