O Mercosul apresentará até o
início de junho uma proposta única para negociação de um acordo de livre
comércio com a União Europeia. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (8) pelo
ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges Lemos,
em audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa
Nacional (CRE). Durante a audiência, solicitada e presidida pelo presidente da
comissão, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), o ministro ressaltou a importância
das negociações com os europeus.
- Este é o momento certo de
negociar, sob o risco de ficarmos de fora das grandes cadeias globais de
produção. Em um acordo com a Europa só temos a ganhar. O cavalo está passando
encilhado uma única vez. Então, vamos montar nesse cavalo – disse Lemos.
Segundo o ministro, o Mercosul
apresentará a sua proposta antes da União Europeia. A partir da troca de
ofertas, as negociações deverão levar até três anos para serem concluídas. Em
defesa do acordo, ele observou que as tarifas de importação de produtos
agrícolas pelo bloco europeu são elevadíssimas. As tarifas caem apenas quando
as importações estão dentro de cotas atribuídas aos exportadores, tornando
praticamente impossível a exportação extracota. O que o Mercosul pretende,
anunciou, é multiplicar por quatro ou cinco vezes as suas vendas de produtos
agrícolas aos europeus.
O Brasil tem fortes correntes de
comércio com os Estados Unidos, a China e a União Europeia. As negociações de
uma associação do Mercosul com a União Europeia, como recordou, começaram há
dez anos. Em 2004, os europeus apresentaram uma oferta “extremamente tímida” na
área agrícola, segundo o ministro. Na nova etapa de negociações, relatou, os
países do Mercosul – que possuem uma base agroindustrial-exportadora de
“excelência mundial” – pretendem ocupar uma “parte substantiva” do mercado
europeu.
- Estamos abrindo nossa
indústria, onde temos empresas europeias estratégicas que operam no Brasil há
mais de 100 anos. Temos vantagem comparativa clara [na agricultura], então
queremos vantagens claras – afirmou.
Segundo Lemos, a Argentina não
tem sido um óbice nas negociações. Ao contrário, observou, tem sido “parte
fundamental” na elaboração da oferta única do Mercosul. Ele relatou ainda ter
visitado na quarta-feira (7) o Paraguai, onde o presidente Horacio Cartes
autorizou seus ministros a definir a oferta do país. Da mesma forma,
acrescentou, o Uruguai está concluindo a sua proposta. A Venezuela não
participa dessa etapa das negociações.
- Em vez de ficar nas cordas, com
uma postura negativa, temos que chegar ao centro do ringue e perguntar o que os
europeus têm de interessante a nos oferecer. Nós estamos com a nossa oferta.
Vamos sair das cordas e começar a peleia no centro do ringue. O Brasil tem base
industrial, agrícola e mineral para uma proposta competitiva – assegurou.
Mercosul
Ao abordar o atual estágio de
integração dentro do próprio Mercosul, o ministro admitiu que os países do
bloco foram muito ambiciosos em um primeiro momento, ao estabelecer a criação
de uma união aduaneira – na qual os países do bloco têm uma tarifa uniforme de
importação, salvo exceções, diante do resto do mundo. Mesmo assim, ele
demonstrou bastante otimismo em relação ao comércio com os demais sócios do
bloco. No caso da Argentina, o ministro admitiu uma queda nos últimos anos das
trocas bilaterais – de 16% das trocas totais para 8,6%. Apesar das trocas com o
país vizinho terem diminuído em termos relativos, uma vez que o Brasil aumentou
suas vendas a outros países, o comércio com a Argentina cresceu em termos
absolutos. O aumento foi de 6% ao ano desde 2008.
- Estamos muito bem no comércio
bilateral com a Argentina. Não dá para pegar uma questão específica de
dificuldade de divisas no curto prazo que a Argentina viveu e analisar toda a
estrutura do acordo comercial. Seria um equívoco, uma visão de curto prazo,
imediatista. A estrutura desse comercio é altamente vantajosa para o Brasil –
avaliou o ministro, que classificou como “extremamente bem sucedidas” as
negociações da semana passada com o governo argentino sobre a liberalização do
comércio bilateral.
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