O ano de 2013 terminou com uma péssima notícia para todos
nós, viajantes: o aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 0,38%
para 6,38% em várias formas de levar dinheiro para o exterior. Além do cartão
de crédito, que já tinha essa taxa, passaram a pagar um imposto maior o
carregamento de cartão de viagem pré-pago, cheques de viagem, compras com
cartão bancário de débito e saques da conta corrente ou com cartão de crédito
em outros países.
Com as novas regras, a grande pergunta passou a ser: há
alguma forma de evitar o IOF de 6,38% nas viagens? Neste post vamos mostrar que
sim e apontar algumas alternativas que pesquisamos ou recebemos de dicas de
nossos leitores. Mas como se trata de novas regras e de um assunto bastante
complexo, não pretendemos esgotar o assunto, mas convidar a imensa comunidade
de leitores do MD a colaborar, com dicas e sugestões. Sem voltar à questão da mudança
em si, que já foi esgotada no post anterior, é hora de juntarmos forças e
buscarmos soluções que sejam úteis para todos!
1. As novas regras
Antes de mais nada, vamos esclarecer como ficou a cobrança
do IOF após as novas regras divulgadas pelo Governo Federal:
- Compras ou saques com cartão de crédito: 6,38% de IOF
- Compras ou saques cartão de débito em conta: 6,38% de IOF
- Carregamento de cartão de viagens pré-pagos: 6,38% de IOF
- Compras de cheques de viagem: 6,38% de IOF
- Compra de dinheiro estrangeiro em espécie no Brasil: 0,38%
de IOF
Como podemos perceber, entre todas as formas de pagamento
acima a única que não teve o imposto aumentado foi a troca de reais por moeda
estrangeira em casas de câmbio ou bancos.Vamos começar por ela.
2. Dinheiro em espécie
Trocar o dinheiro no Brasil passou a ser a forma mais
simples e barata de custear sua viagem no exterior. De cara você economiza 6%
de IOF em todas as suas compras e pagamentos. Além disso, não se preocupa com
taxas bancárias, senhas e com a aceitação de cartões mundo a fora. Mas é claro
que o métodos traz desvantagens, sendo a maior dela a falta de segurança e de
praticidade de andar com notas e moedas durante a viagem.
Vantagens:
- IOF de apenas 0,38%
- Dispensa o uso de cartões e senhas
- Melhor controle dos gastos
Desvantagens
- Falta de segurança (furtos e assaltos)
- Câmbio ruim (deve piorar a partir de agora)
- Falta de praticidade
- Possibilidade de pegar notas falsas
- Sobras de dinheiro no fim da viagem
Dicas
- Fique atento ao limite de R$ 10 mil que podem ser levados
sem declaração à receita Federal (saiba mais aqui). Cheque se há alguma
restrição por parte do país que será visitado
- Consulte na Ranking do VET no site do Banco Central as
melhores taxas cotações para o câmbio antes de fazer a compra
- Escolha hotéis que tenham cofres e invista em uma bolsa
para levar o dinheiro em segurança (doleira)
3. Conta no exterior
Ok, a primeira forma de pagar sua viagem não foi novidade
para ninguém. Vamos então à segunda: abrir uma conta no exterior. À primeira
vista parece complicado, mas bancos como Banco do Brasil e HSBC oferecem essa
possibilidade de forma bem simples para seus clientes.
Quem tem conta no Banco do Brasil pode solicitar a abertura
de uma conta no Banco do Brasil Americas, a filial norte-americana da
instituição. Trata-se do antigo Eurobank, comprado pelo BB em 2012.
“Você pode ter uma conta corrente sem pagamento de tarifa
desde que possua no minimo US$ 1.000 de saldo. A transferência pode ser feita de
sua conta do Brasil para sua conta no exterior pela internet, com o IOF de
0,38% e dólar comercial. Você recebe um cartão de débito e pode fazer compras
em sites, reserva de hotel, etc. Também pode realizar saques sem tarifas em
algumas redes de ATM espalhadas pelos EUA, e pagando em media US$2″, explicou o
leitor Felipe Carnot, que há tempos utiliza a conta para fugir do IOF.
Segundo ele, o cartão emitido pode ser usado para saques e
pagamentos em viagens a qualquer lugar do mundo sem problemas: “Possuo a conta
a mais de um ano, já fiz três viagens aos EUA e uma à Europa, e desde então não
compro mais dólar nem euro, nem recarrego VTM. Fico de olho na cotação e se ela
abaixa um pouco sempre transfiro (usando internet banking) um montante para
minha conta lá”.
Atualização: Muitos leitores nos perguntaram sobre como
abrir esta conta. Os clientes Banco do Brasil que moram aqui devem solicitar a
abertura por e-mail. Acesse:
http://www.bancodobrasilamericas.com/en/contact.aspx e preencha o formulário de
contato. Outra dica: o valor deve ser mencionado na declaração do Imposto de
Renda.
O HSBC é outra opção bem interessante para quem deseja abrir
uma conta no exterior. Além dos Estados Unidos, ele oferece opções em diversos
países e ainda os estende os benefícios de sua conta premier no Brasil para sua
conta no exterior.
Mais informações no site do BB Americas e HSBC.
Vantagens:
- IOF de apenas 0,38%
- Mais segurança e possibilidade de usar cartão
- Facilidade de movimentação via netbanking
Desvantagens
- Eventuais tarifas bancárias
- Não há como comparar taxas de câmbio: sempre será a do
banco
- Ter que abrir e gerenciar uma nova conta
4. Cartão pré-pago de
empresa estrangeira
Alguns leitores citaram esta estratégia e ela é comum nos
fóruns especializados em importação: cartões pré-pagos sediados no exterior. O
mais comum é o Neteller. Após fazer sua conta, preenchendo um formulário
simples, você abre sua conta e envia dinheiro para ela de várias formas. Até
dezembro, havia muitas maneiras de fugir do IOF alto por ali, mas com as novas
regras a única forma é por meio de transferência bancária internacional.
Você pode utilizar o site para compras virtuais e solicitar
um cartão físico de débito Net+ para pagamentos e saques no exterior. Ele tem
bandeira Mastercard e é aceito mundialmente sem problemas.
No entanto, é necessário estar atento às tarifas envolvidas,
como o custo da transferência – que costuma ser de US$ 20 ou uma fração do
montante, vale pesquisar – , taxa de emissão do cartão Net+ e manutenção da conta Neteller em caso de
inatividade. Ainda assim é uma maneira de driblar o IOF alto.
Vantagens:
- IOF de 0,38% (nas transferências internacionais)
- Cartão pré-pago, o que facilita o controle dos gastos
- Facilidade em fazer o cadastro e usar a conta
Desvantagens
- Taxas
- Necessidade de envio de cópias de documento para pedir o
cartão
- Necessidade de fazer remessas internacionais
- Taxa de câmbio ruim
5. As outras alternativas
Uma regra de ouro em viagens internacionais é sempre ter
mais de uma opção de pagamento. Jamais viaje contando apenas com o cartão de
crédito, de débito ou apenas com dinheiro em espécie. Tente sempre fazer uma
mescla para evitar que uma surpresa faça da sua viagem um pesadelo. Vamos dar
uma olhada como ficam as demais opções com o aumento do imposto:
Cartões de crédito - Voltam a ser interessantes, visto que
já eram cobrados 6,38% de IOF. O cartão traz os benefícios do acúmulo de
pontos, simplicidade no uso e controle de gastos discriminados na fatura.
Alguns ainda têm serviços extras, como seguros de viagens incluídos. Além
disso, costumam ter uma taxa de câmbio mais atrativa que as demais opções, o
que pode reduzir os impactos da tributação. As desvantagens, além do IOF: você
fica sujeito à variação cambial desde a compra à data do pagamento da fatura e
não são aceitos em todos os lugares – dependendo do país para onde se vai isso
é um grande problema. Às vezes os cartões dão problema com relação à senha, já
que não há um padrão mundial (alguns bancos usam seis dígitos e outros apenas
quatro).
Cartões pré-pagos de viagem - Reúnem todas as desvantagens
dos cartões de crédito e nenhuma das vantagens, exceto fugir da variação
cambial. Nem sempre, porém, isso é positivo, já que via de regra a taxa de
câmbio desses cartões é bem ruim e sempre a há a possibilidade de queda do
dólar. Há ainda inconvenientes para se recarregar o cartão estando no exterior
e a impossibilidade de parcelar as compras. Com o novo IOF, essa opção perdeu
todo o atrativo e é provável que os bancos e corretoras promovam mudanças para
manter os cartões vivos. Da forma como estão, só são indicados para quem não
quer ter surpresas com as flutuações do câmbio, mas não quer levar dinheiro em
espécie.
Saque da conta corrente no exterior - Perdeu parte da
vantagem com o novo IOF, pois além dele poderá ser cobrada taxa do seu banco e
do ATM no exterior. Melhor ser usado como recurso de emergência ou para
pequenas quantias para o fim da viagem, por exemplo, caso seu banco não cobre
tarifa de saque.
6. Qual é a melhor alternativa?
Não existe uma melhor alternativa para todas as pessoas.
Você precisa avaliar por exemplo se a praticidade do cartão de crédito ou do
saque no exterior, vale mais que os 6% da diferença que você gastaria a mais se
levasse dinheiro em espécie. Concentre a maioria das compras no meio que você
achar mais interessante e tenha umas duas outras alternativas para usar como
socorro.
Como dissemos, com as regras novas e tantas variáveis e
possibilidades, não pretendemos esgotar o assunto, mas abrir um debate entre os
leitores, por isso convidamos a todos a postar suas sugestões e soluções sobre
o que pode ser feito para driblar o IOF.
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