A reunião anual do Fórum Econômico Mundial, realizada entre
23 e 26 de janeiro, em Davos (Suíça), terminou com um misto de alívio e
desconfiança. Estruturada em torno da temática “dinamismo resiliente”, a
reunião tinha por objetivo discutir estratégias públicas e privadas para
estimular o crescimento e conter os riscos em um cenário de recuperação
econômica e política.
Embora a atmosfera fosse de otimismo, o secretário-geral da
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurria, e
a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde,
alertaram para a existência de sérios problemas nas economias desenvolvidas.
“Não é um belo quadro o que estamos vendo, devíamos estar
preocupados”, declarou Gurrria, afirmando ainda que o clima de otimismo sentido
em Davos decorreria do alívio pela não ocorrência da temida catástrofe
econômica na Europa, e não da ainda pouca sólida recuperação econômica.
Mais otimista, Lagarde argumentou que os europeus criaram
mecanismos para contornar a crise, reafirmaram o compromisso com a manutenção
do euro e mostraram disposição de atuar em conjunto. No entanto, a
diretora-geral do FMI também alertou que os governos – inclusive aqueles dos
países emergentes – não devem relaxar, que correm riscos se não mantiverem as
políticas que os protegeram da crise. “A situação ainda é muito frágil e
propícia a crises políticas. Não é um panorama estável, mas melhorou muito”.
Em meio a debates sobre os prospectos da economia mundial,
ministros do Comércio reunidos em Davos aproveitaram a ocasião para tratar
informalmente dos preparativos para a Conferência Ministerial da Organização
Mundial do Comércio (OMC), que será realizada entre 3 e 6 de dezembro, em Bali
(Indonésia).
Diante do impasse nas negociações da Rodada Doha, a 11ª
Conferência Ministerial é vista como a chance de avançar nas discussões sobre
pontos menos controversos do acordo. Contudo, os membros da OMC abordaram os
preparativos para Bali com cautela, a fim de evitar a pressão pública.
Em seus comentários após o encontro paralelo ao Fórum Econômico
Mundial, que reuniu 20 oficiais dos membros de maior peso da OMC, além do
diretor-geral Pascal Lamy, o ministro da Economia da Suíça, Johann
Schneider-Ammann, afirmou haver consenso entre os participantes quanto à
necessidade de inclusão de temáticas como facilitação de comércio, alguns
componentes sobre agricultura e tratamento especial e diferenciado em eventual
acordo a ser entregue em Bali. Diante da importância de gerenciamento dos
preparativos para a Conferência, os ministros enfatizaram a necessidade de que
os objetivos desse acordo sejam definidos o quanto antes.
“Enfatizamos que o sucesso de Bali não pode ser visto como o
final da Rodada Doha. Ao contrário, deve ser considerado um marco fundamental
para que questões problemáticas ainda pendentes sejam debatidas”, afirmou
Schneider-Ammann.
Fonte: Pontes
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